29 de novembro de 2009

ENTENDENDO DE VERDADE O LOREM IPSUM

Eduardo Pereira

Lorem Ipsum é um termo bastante utilizado quando vemos modelos de publicações, esboços de modelos jornalísticos e "bonecos" de revistas, ou seja, é usado como uma prévia do que vai ser aquela publicação. Mas tudo isso tem uma origem cultural enraizada em um passado longínquo, no incrível tratado de ética de Cícero, o que faz com que o texto seja mais velho que Cristo (cerca de 2054 anos). Agora vamos tentar entender um pouco mais de tudo o que gira em torno destas palavras, de difícil interpretação, e ainda assim amplamente utilizadas

A história recente do Lorem Ipsum diz que ele vem de um texto tipográfico. Tratava-se de um guia para a tipografia, os primórdios da imprensa escrita, feito em 1500 – ano da descoberta oficial do Brasil. Este texto foi disseminado por todo o mundo e acabou virando uma espécie de guia. Um padrão que foi adotado em todo o planeta. Essa técnica sobreviveu por séculos e ainda nos dias atuais vem sendo usada, mas agora inserida na tipografia eletrônica, adaptada e criada nos computadores, e permanecendo essencialmente inalterada - ou quase.
Em 1960, ela se tornou popular graças a uma publicação sobre “Tipos” contendo algumas partes de Lorem ipsum, e mais recentemente, com os famosos softwares de publicação eletrônica como o QuarkXPress, o PageMaker, Indesign e similares, que não raro, incluem algumas versões do texto original, mas a explicação da razão do uso do Lorem Ipsum está na sua distribuição num layout, ou seja, da afeição, do apelo visual que a estrutura e posicionamento do texto vai causar em um leitor. Diz-se aos quatro ventos que dependendo do layout, um leitor não conseguirá entender o conteúdo de uma página, e por isso é importante estabelecer um bom layout para a compreensão do conteúdo. É aí que entra o Lorem Ipsum (o de verdade, não o blog que está lendo agora).

Como o Lorem Ipsum possui uma boa distribuição de letras necessárias para o “preenchimento aqui, preenchimento ali” , que fazem com que o texto fique legível, os pacotes de desktop publishing - publicação eletrônica de páginas ou conteúdos - usam o Lorem ipsum como modelo de preenchimento de textos. Se parece impressionante um texto de 1500 resistir até os dias de hoje, pipocando em softwares de alta tecnologia, espere para saber de onde vem o que nos assusta mais ainda.


A crença popular diz que “Lorem Ipsum” é simplesmente um texto qualquer com um monte de letras. Calma, gente. Não é bem assim que funciona, tudo tem uma prova bem fundamentada pra existência deste "ícone" da imprensa. Sua origem tem raízes numa peça clássica da literatura latina de 45 A.C., fazendo com que o texto em questão tenha mais de 2 mil anos de idade. Richard McClintock, um professor de Latin do Colégio Hampden-Sydney, Virgínia, pesquisou uma das mais complicadas e intrigantes palavras da passagem de “Lorem Ipsum”, "consectetur", e indo a fundo nas citações da literatura clássica, descobriu de uma fonte segura que Lipsum vem das seções 1.10.32 e 1.10.33 do “Finibus Bonorum et Malorum” (Os Extremos do Bem e do Mau) escrito por Cícero em 45 A.C.. O livro de Cícero, o orador romano de fama e renome histórico, contemporâneo de Julio Cesar, trata da teoria de ética, muito popular durante a Renascença. A primeira linha de Lipsum, “Lorem ipsum dolor sit amet…”, é encontrada na seção na seção 1.10.32.

O modelo básico de “Lorem ipsum” usado desde o século 16 é retransmitido devido a sua grande utilidade, utilidade esta, que ainda não sabemos bem qual é, e que não pode ser apenas para "deleitar aos olhos" de pessoas que procuram um bom estruturamento para suas edições Eu na minha opinião de mísero mortal e blogueiro, creio que seja útil também para que possamos pensar um pouco mais na vida sem sofrimento que todos almejamos, e na impossibilidade desta. Não digo a ninguém que tente acostumar-se ou gostar de sofrer, pelo contrário, procure sim viver sem sofrer, mas se chegar até você tal sofrimento, vai ser difícil de reverter a situação. A gente sofre e acostuma, experiência própria.

Mas vamos ver um pouquinho das transformações do Lorem Ipsum agora. O trecho utilizado desde 1500 é este:

“Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipisicing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore magna aliqua. Ut enim ad minim veniam, quis nostrud exercitation ullamco laboris nisi ut aliquip ex ea commodo consequat. Duis aute irure dolor in reprehenderit in voluptate velit esse cillum dolore eu fugiat nulla pariatur. Excepteur sint occaecat cupidatat non proident, sunt in culpa qui officia deserunt mollit anim id est laborum.”

E o trecho de Cícero é este:

“At vero eos et accusamus et iusto odio dignissimos ducimus qui blanditiis praesentium voluptatum deleniti atque corrupti quos dolores et quas molestias excepturi sint occaecati cupiditate non provident, similique sunt in culpa qui officia deserunt mollitia animi, id est laborum et dolorum fuga. Et harum quidem rerum facilis est et expedita distinctio. Nam libero tempore, cum soluta nobis est eligendi optio cumque nihil impedit quo minus id quod maxime placeat facere possimus, omnis voluptas assumenda est, omnis dolor repellendus. Temporibus autem quibusdam et aut officiis debitis aut rerum necessitatibus saepe eveniet ut et voluptates repudiandae sint et molestiae non recusandae. Itaque earum rerum hic tenetur a sapiente delectus, ut aut reiciendis voluptatibus maiores alias consequatur aut perferendis doloribus asperiores repellat.”

Agora, pra encerrar e explicar o porquê do que eu disse antes de comparar os dois trechos de Lipsum, vamos ver um outro trecho, então traduzindo este vocês vão entender o que eu disse.

"Neque porro quisquam est qui dolorem ipsum quia dolor sit amet, consectetur, adipisci velit..."

"Não há ninguém que goste da dor em si mesma, que a procure e a queira ter, apenas porque é uma dor..."

E pensem nisso!
Abraços!

Agradeço aqui ao professor Marcus Júlio, professor, na minha época, de Latim da Universidade do Grande ABC. Creio que ainda esteja ele na coordenação deste curso, que era onde estava quando me formei. Sem o que ele me ensinou não seria possível saber o significado de algo que se tornou tão valioso pra mim nos últimos tempos.

3 comentários:

Greta disse...

eae cabeção, to vendo que arrumou a parada do comentario.
passei pra fazer o teste.

Greta disse...

"Não digo a ninguém que tente acostumar-se ou gostar de sofrer, pelo contrário, procure sim viver sem sofrer, mas se chegar até você tal sofrimento, vai ser difícil de reverter a situação. A gente sofre e acostuma, experiência própria."

Esta se contradizendo, meu caro.
você diz que ninguém deve acostumar-se com o sofrimento.Posteriormente diz que a gente sofre e acostuma.
Além de contraditório, como já disse,é um tanto confuso.
Não sei o que você quis dizer afinal.
Eu sinto de outra forma:
Sofrer faz parte da vida.
Em tese ninguém gosta e sofrer ( em tese).
E se acostumar é sempre muito triste.
Seja se acostumar com uma felicidade anestesica, mediocre e abobalhada (tipo aquele sorrisinho torto que agente dá quando sai do consultório do dentista), ou acostumar se com o sofrimento.
Existem sim situações irreversiveis, mas se nos conformamos com elas, isso quer dizer que já não sofremos tanto.
Ou não...rsrsrsrsrsrsrsrs
Seja como for, sofrer, só se for de amor...porque no fim das contas eu acho que inda vale a pena.

Ótimo texto, cabeção!!!

Eduardo disse...

Concordo plenamente Srta. Poltronieri! E como um tanto de outros textos meus, é só mais uma pequena contradição, frente a tudo que se passa e passou em minha vida, que em si própria já é contraditória. E faltou na verdade um "e ponto", depois do a gente sofre e se acostuma. Isso sim é experiência própria. Quanto ao sofrimento por amor, depende da intensidade desse amor, se é que podemos medi-la. Já tive uns pelos quais valeu muito a pena sofrer. Outros, nem tanto. Se sabe que um dia foi verdadeiramente correspondido ou que ainda resta uma pequena fagulha do "fogo que arde sem se ver", aí digo que valha a pena mesmo...
Obrigado pelas colocações e comentarios, linda amiga!