2 de novembro de 2009

O MESTRE DA MÁGOA E SEU MUNDO DE FEL

Eduardo Pereira
Mesmo que não quisesse, ele sempre seria assim. Sua doçura e amorosidade o tornavam inglório, indigno de sentimentos de compaixão, pena ou fidelidade. Suas entranhas não sabem bem o que pensam, o que dizem, ou o que sentem. A injustiça sempre teima em acompanhá-lo e acometê-lo a utilizá-la, mas nunca em seu prol, tornando-o o maior dos injustos e descabidos. Questões sem senso de inoportunabilidade são sempre desferidas sem pudor algum, parecendo querer ter certeza do que já sabe. Como se fosse um autoflagelo, e, com cada uma destas questões, se aperta mais o silício contra seu corpo. Não venera o sofrimento e sabe o quanto é ruim, mas em seu subconsciente deve habitar algo que gera um determinado prazer por tal sensação. Ainda assim, consegue dispensar toda a atenção necessária a quem a necessita, e por certas vezes é considerado amabilíssimo. Faceta comum a um bom rapaz. Por excesso de querer fazer tudo, e muito bem, consegue deturpar as mais tranqüilas tardes, as mais belas festas e os mais belos sentimentos. Erro com o qual aprendeu a conviver e é consciente de sua existência. Mas não tem procurado melhorar, acaba por ser inconseqüente e negligente, saber que lhe aplica um "auto-mal", mas continua a apertar a fivela. Ainda é um mortal, mas sofre silenciosamente. De tanto tempo com espinhos a tocar seu fêmur, secaram-se as lágrimas. Lágrimas estas que ele sente medo da aparição em todos os olhos brilhantes que o cercam. Todos estes olhos têm corações, alguns deles amargos, outros sofridos, alguns mui alegres, muitos em farpas...

Continua aqui...

Nenhum comentário: