24 de novembro de 2009

ENTRE DISCOS E AMIGOS

Eduardo Pereira



Tenho mais discos que amigos. Nos meus momentos de solidão, me encontro com os famosos "bolachões" e com minha velha vitrola. Para ela, como sempre me acompanhou, compro sempre que posso uma caixinha de agulhas novas. Nunca se sabe quando um grande amigo vai perder um "pedaço", que pode ser "pra sempre". Estes meu amigos gostam de cantar pra mim. Às vezes, quando muito inspirados, escuto deles grandes celebridades, tais como Janet Jackson, KC & The Sunshine band, Cindy Lauper e até Menudo! Enquanto meu coração chora, eles não se cansam de cantar pra tentar me alegrar - e por muitas vezes conseguem. Mas também há dias em que eles mesmos não estão muito bem, então me acompanham em minha melancolia e apatia por um bom período. Nestes dias a gente senta, se abraça forte, e canta estridentemente (ou seria entristecidamente) sons do Joy Division, Cure, Morrisey e o contemporâneo Dance of Days. Minha garrafa de Stella Artois ou de Heineken fica sempre metade cheia, mas eles não podem beber, não pelo menos até terminarem o seu show. Eles não sentem ciúmes também. Sempre é bem vindo mais alguém pra escutar suas cantorias, ou mesmo teclar comigo no Messenger enquanto eles cantam. Eles também entendem quando quero estar quieto, no meu canto solitário. Nunca precisei pedir pra que calassem a boca, quando não puxo papo, eles se quer a abrem. Diante de tudo isso, às vezes, de noite, vejo o meu quarto cheio de gente, e vazio ao mesmo tempo. Então, me pego a pensar e indagar: Tenho mais amigos que discos, ou mais discos que amigos? De verdade, não sei. O importante é que ainda tenho discos, e amigos também.

2 comentários:

Greta disse...

Eu num tenho nem um disco.

Eduardo disse...

Mas algum amigo certamente tens...