26 de julho de 2010

Sed semper amico.

Algumas coisas têm início da maneira que menos imaginamos, e tomam proporções que menos ainda poderíamos imaginar. Algo que por certas vezes você não suportava, ou alguém que por algumas atitudes pensava ser intragável, pode ter uma grande influência ou fazer uma grande diferença na sua vida, por mais que não pareça.
Como a lembrança de um pequeno empréstimo, uma pequena troca de cartuchos do bom e velho Atari 2600 entre dois recém conhecidos faz você cair em um vórtex temporal e rever todo um filme extenso, mas não cansativo. Filme que por poucas vezes poderia já ter chegado a um fim, trágico menos vezes que cômico, ainda bem. Filme que pode até ter tido interrupções, cortes, mas teima em engenhosamente se estender ao longo de nossas vidas. Desde o início da idade escolar, com pivetes feios e bagunceiros, desprendidos de tudo, em plena fase de formação de valores, personalidade, caráter e tudo mais.

Tudo começou aqui.

Enduro, pião, pipa, futebol, dente-de-leite, River Raid, Time do Seu Prudêncio, cueca do Batman, Tazos do Pokémon, quermesse da vila, pastel de feira, Break-dance, Rock’n’roll, gol-a-gol na quadra, desencontro na escola, haloween, primeira virada de noite, cervejas, primeiros porres, primeiros cigarros, primeiros roles, Aranhanai, guitarras, baixos, baterias, microfones, amplificadores, shows, Perua Kombi, Master System, Super NES, Mega Drive, “Goal Storm”, Playstation, Winning Eleven, Fliperamas, No good Goofers, muitas horas de Video-Game no “bar do Evair”, Fliper do Reinaldo, frustrações, Festas da “galerinha”, a menina bonita da banca de jogos piratas, churras temperado com breja e sal grosso, Zé do Boné, Pro Evolution Soccer, MP3, filmes pornô, gibis, chuteiras, Aro 13, Bar do Jeca, festa a fantasia, Pizzas, fim do ensino médio, faculdade, distância, relacionamentos, Técnicos de Clube grande, Jogadores, Mossoró, Corinthians, CM, xaveco furado e muito mais compartilhado...

E já se vão cerca de 19 anos...

Todo esse tempo foi se juntando fôlego e criando imunidade. Até mais que imunidade, diria que idoneidade. Ou ainda hombridade, esta pra poder conversar de peito aberto em situações que contundem os sentimentos, ou ainda o conceito de “caráter”. Pra que mesmo que haja uma reação agressiva, não manifestar a mínima vontade de violência. Pra que não seja necessário esquecer-se de alguém que você lembra por toda a vida, mesmo que tenha combinado esquecer, ainda que pareça contraditório. Pra que continue a rodar o filme e que os atores principais não se percam em meio tanta estória. Pra que ainda venham muito mais cervejas, muito menos cigarros, muito mais a se compartilhar.
E pra que esse filme não acabe tão cedo, que tenha continuações e mais continuações.

18 de julho de 2010

Banalização da Revolução: Entre e faça o que lhe der na telha!

(Após cerca de três meses de abstinência, vou voltar a falar baboseira, povo.)

Não sou adepto do “café filosófico revolucionário”, tampouco do filológico.

Minha ignorância permite apenas prestar atenção aos fatos que cercam as cenas ou simplesmente fazem parte delas, e ainda assim uso o pouco que resta do meu insight pra colocar algumas palavras banais em uma folha de papel, embora não sejam tão requintadas e bem colocadas como todos esperam de alguém que se pôs à prova de ensinar aos outros.

Falando em ensinar, o que ensinam os nossos supracitados cafés? Idéias de uma revolução contra um mundo que trabalha pra ter o que comer? Sentimento de repúdio contra as coisas que são má distribuídas entre a população do planeta em que vivemos? É, acho que um pouco dos dois. Mas será que todos os nossos ensaios serão bem vistos aos olhos dessa gente, excetuando-se, claro, a burguesia? Será que obteremos condições de fazer com que as pobres pessoas que, repito, trabalham para ter o que comer, larguem este pouco que lhes resta e juntem-se à massa em fúria, que incita, em algumas oportunidades, revoluções armadas e sem cabimento? Sangue não sacia fome de estômagos vazios, a meu ver. Pois então, proteste contra a matança de galinhas d'angola, contra o extermínio dos texugos do Bosque dos Vinténs, contra os tapas de Dona Florinda em Seu Madruga, contra o abuso de autoridade de certas pessoas, contra a falta de libido de sua esposa, mas utilize ao menos um pouco de bom senso.

A certeza que caminha comigo hoje é que sei alvejado por conta de algumas palavras aqui postas.

É uma pena, mas tenho consciência que minhas palavras não são tão belas como as canções de Jacques Brel, tampouco fortes como a arquitetura de Pathos Verdes III.

De maneira ou de outra, cá estão as minhas palavras, e elas registradas sei que não serão perdidas em algum lugar do tempo.

Saudações de algum tipo de movimento que ainda deve estar pra surgir na vanguarda da Juventude.

Abraços...